MIDEQ- Descolonizando a História da Migração no Sul Global
A pesquisa internacional foca no corredor Haiti-Brasil para melhor entender a relação entre migração, desigualdade e desenvolvimento e influenciar políticas públicas para melhorar a vida desses imigrantes e suas famílias.

O projeto em linhas gerais
Mais de um terço de toda migração no mundo acontece entre países do hemisfério sul, mas há muito pouca pesquisa sobre esses corredores migratórios.
O projeto MIDEQ, liderado pela Coventry University’s Centre for Trust, Peace, and Social Relations no Reino Unido reúne com uma rede global de parceiros de 12 países do Sul Global, organizado em 6 corredores, um deles é entre Haiti e Brazil, do qual a PPP está envolvido.
Após o terremoto de 2010 que devastou o Haiti, milhares de refugiados migraram para o Brasil.
A pesquisa
O projeto repensa as relações entre migração, desenvolvimento e desigualdade. O estudo também descentraliza o conhecimento sobre migração produzido pelos países do hemisfério norte para o Sul, onde essa migração acontece.
A Uniperiferias, baseada no conjunto de favelas da Maré no Rio de Janeiro, está à frente da pesquisa no Brasil que envolveu Haitianos em todos os estágios do projeto e não apenas como objetos do estudo. Hoje, metade do time de pesquisadores é formada por imigrantes Haitianos que fazem pós-graduação no Brasil.
O trabalho de campo conduzido no fim de 2021 ouviu 858 haitianos no Brasil em pesquisas quantitativas e 101 pesquisas qualitativas, além de 5 grupos focais.
Os dados vão ser usados para influenciar políticas públicas no Brazil e melhorar a a vida de haitianos e outros imigrantes negros que vivem no país.
Heaven Crowley, diretora do MIdeq Hub e Chefe de Desenvolvimento e migração na Universidade das Nações Unidas, em Nova York.
Leia a pesquisa e baixe o livro em pdf
Animação: A História da Migração
Diálogos: Mudando Narrativas sobre Migração, Museu do Amanhã

Em setembro de 2023, a PPP do Brasil e a Uniperiferias receberam 80 acadêmicos de 12 países do Sul Global no Rio de Janeiro.
O evento final aberto ao público aconteceu no Museu do Amanhã com a participação da sociedade civil, ONGs e representantes do governo federal para discutir a questão migratória e racismo no Brasil.
Além das mesas de debate, o evento também lançou uma animação, um documentário, um livro e uma revista sobre migração e uma intervenção artística com apresentação de coral, dança e percussão de Haitianos, Africanos e Brasileiros.
Segundo Paul Heritage, diretor do People’s Palace Projects, esta pesquisa e o encontro internacional no Rio de Janeiro fortalecem o debate sobre racismo e inclusão no Brasil também através da experiencia de trocas culturais que enfatizam a riqueza da diversidade trazida por migrantes ao Brasil.
Paul Heritage, diretor da People's Palace Projects
Clamor! A batida pelos Direitos Humanos

Desta pesquisa nasceu também o grupo Clamor! A batida pelos Direitos Humanos formado por cerca de 20 migrantes do Haiti, países africanos e de artistas afro-descendentes brasileiros. Eles fizeram sua estréia durante o evento no Museu do Amanhã com uma performance de dança, canto, percussão e artes circenses.
O grupo tem a direção artística de Johayne Hildefonso, coreógrafo, ator e diretor renomado com passagens pelo teatro O Tablado e Nós do Morro, do Vidigal.
Clamor! foi criado para chamar atenção para o racismo e preconceito enfrentados por migrantes negros que chegam ao Brasil. Durante as apresentações itinerantes no Rio de Janeiro, os artistas compartilham um pouco da riqueza cultural haitiana e africana, e abrem diálogos com o público brasileiro e tentam assim, através da arte, mudar as narrativas negativas sobre migrantes que vivem no país.
As performances pop-up também tem participação do grupo vocal afro-haitiano, Vwa San Fwontyè com repertório de canções e cultura tradicionais haitianas e africanas.
O grupo já se apresentou no Museu do Amanhã, Museu do Pontal e CCBB Rio de Janeiro.