Resistindo à violência, criando dignidade

Negociando a Violência Contra Mulheres e Meninas (VAWG) por meio da construção da história da comunidade no Rio de Janeiro.

Criatividade e Saúde Mental

Visão Geral do Projeto

Resistindo à Violência, Criando Dignidade é um novo projeto de pesquisa pioneiro que documenta como as mulheres da Maré, um dos maiores complexos de favelas do Rio de Janeiro, assumiram o controle da narrativa da violência de gênero, rejeitando o papel das vítimas para se tornarem protagonistas na luta pela redução da violência contra as mulheres.

Este estudo mostra como mulheres, mulheres trans e meninas da Maré têm tentado reduzir e prevenir a violência por meio de práticas criativas de resistência, construindo dignidade e documentando a herança criativa da comunidade.

Dez mulheres da Maré foram selecionadas para falar sobre resiliência individual e coletiva no território por meio das artes e da cultura. Os vídeos fazem agora parte do arquivo digital do Museu da Pessoa.

Lenice Silva é uma das 10 mulheres entrevistadas que compartilham suas histórias conosco:

 

 

Ao construir o conhecimento sobre a Maré como um lugar de resistência à violência contra mulheres e meninas, lições podem ser aprendidas e repassadas, fortalecendo os esforços de prevenção em outras partes do Rio de Janeiro, no Brasil e no mundo.

O projeto abriu uma nova linha de pesquisa após um estudo anterior liderado pela mesma equipe de 2016-2018, chamado Healthy, Secure and Gender Just Cities: Transnational Perspectives on Violence Against Women and Girls in Rio de Janeiro and London (Financiado pelo ESRC e o Fundo Newton).

 

VAWG na Maré e além

No complexo da Maré, que abriga mais de 140 mil pessoas, as mulheres estão se apropriando de suas histórias. Uma cultura de resistência criativa, construindo dignidade e auto-estima, foi estabelecida através da história da comunidade, dança, culinária e prestação de serviços de consultoria jurídica.

Os moradores são rotineiramente expostos à violência. Eles são frequentemente pegos no fogo cruzado entre facções de drogas fortemente armadas e a polícia militar. Além disso, muitas mulheres sofrem violência em casa ou em ambientes sociais.

O assassinato de Marielle Franco em 2018, uma ativista negra e vereadora da Maré que fazia campanha contra a violência de gênero e a impunidade policial, chamou a atenção para as consideráveis ??barreiras que as mulheres brasileiras continuam enfrentando para acessar seus direitos e desfrutar de uma vida segura.

No Brasil, uma mulher é morta a cada sete horas. 1.314 mulheres foram assassinadas no ano passado, uma das maiores taxas de feminicídio do mundo. Na Maré, 43% das mulheres em uma pesquisa de 2018 afirmaram ter sofrido violência de gênero. A questão é uma questão urgente em todos os lugares, mas um problema endêmico na favela. Até agora, muito menos se falou sobre como essas mulheres estão resistindo e buscando reduzir essa violência.

A violência contra mulheres e meninas (VAWG) continua sendo um dos problemas mais prementes que afetam as mulheres em todos os lugares e sua eliminação é fundamental para alcançar o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 5 da ONU sobre igualdade de gênero, especialmente nas cidades (ODS 11).

Foto: Redes da Maré

Metodologia: por Mulheres, para Mulheres

O estudo combinou pesquisas de ciências sociais tradicionais e entrevistas com abordagens baseadas em artes, fotografia de ações de base e oficinas de dança. Mapeou as histórias criativas da comunidade desenvolvidas por mulheres como protagonistas na resistência à violência, para mostrar como construir dignidade e controlar suas próprias narrativas permite que elas se ajudem e se protejam.

As ilustrações de Mila de Choch saíram dos grupos focais: