AMA Rio – Arte e Meio Ambiente

Imersão de 350 jovens cariocas para pensar e realizar ações artísticas e climáticas na cidade do Rio de Janeiro.

Valor Cultural e Patrimônio
Foto Gabriel Loiola

O projeto em linhas gerais

O AMA Rio foi uma realização da Prefeitura do Rio de Janeiro por meio da Secretaria Municipal de Cultura liderado pela People’s Palace Projects do Brasil.*

O programa ofereceu palestras e oficinas para 350 jovens cariocas residentes nos bairros de Grande Madureira, Guadalupe, Realengo, Gamboa, Gávea, Ilha do Governador e Humaitá.

 A idéia foi promover a troca de vivências e experiências entre gerações, agentes transformadores e campos de saberes:  jovens, artistas, pesquisadores e educadores ambientais.

Ao fim do projeto esses jovens inauguraram uma intervenção física, desenvolvida por eles, no entorno de cada um dos 7 regiões do Rio, unindo arte, cultura, meio ambiente, sustentabilidade e cidade.

Os seguintes espaços culturais receberam o projeto: Espaço Cultural Sérgio Porto (Humaitá), Museu Histórico da Cidade (Gávea), Biblioteca Euclides Da Cunha (Ilha do Governador), Lona Cultural Terra (Guadalupe), Muhcab (Gamboa), Lona Cultural Gilberto Gil (Realengo) e Arena Carioca Fernando Torres (Madureira).

 

*O Chamamento Público para execução do programa AMA Rio – Arte e Meio Ambiente – foi publicado no Diário Oficial em 14/06/2022 com fundamento na Lei Federal nº 13.019/2014 e no Decreto Municipal nº 42696/2016. No processo de seleção, a Comissão Técnica da Secretaria Municipal de Cultura avaliou as propostas de todos os proponentes de acordo com o edital presente no Chamamento Público n° 05/2022. Nesta ocasião, a People ‘s Palace Projects do Brasil apresentou a maior nota nas avaliações e foi a vencedora para celebrar o Termo de Colaboração Nº949/2022 com a Secretaria Municipal de Cultura que tem como objetivo a execução do projeto AMA Rio.

Parceria com Prefeitura do Rio de Janeiro- Secretaria Municipal de Cultura

Print to website da Prefeitura do Rio de Janeiro

Capacitação e Legado artístico do projeto

Os 350 jovens selecionados participaram de um curso intensivo entre janeiro e fevereiro de 2023  sobre arte, cultura e clima.

O programa ofereceu oficinas, palestras, dinâmicas de grupo e imersões para trazer esses jovens para o debate sobre cultura e meio ambiente, isso dentro do contexto de cada território carioca- com sua diversidade cultural e riqueza de saberes.

Durante o laboratório criativo, os jovens desenvolveram, com renomados artistas cariocas, uma intervenção artística no equipamento cultural ou no seu entorno. Um trabalho de ativismo climático e arte comunitária, assinado pelos jovens, que deixará um legado artístico para os 7 territórios participantes do programa.

Jovens aprovados

Confira a lista completa dos jovens que foram selecionados para o programa. A lista foi dividida por localidades.

Intervenções Artísticas

Painel- Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto - Humaitá

ESPAÇO CULTURAL MUNICIPAL SÉRGIO PORTO- HUMAITÁ 

Artista: Guga Ferraz

Obra: Humaitela

Tipo de intervenção: Outdoor / estrutura em metal e madeira, com dimensão 9x3m, fixada na laje dos fundos do equipamento e voltado para a Rua Humaitá, com cartazes criados pelos os jovens participantes do projeto AMA Rio.

Muitas imagens e idéias, que conversam com o território, saíram das imersões criativas realizadas com os jovens participantes do projeto. Entre os problemas climáticos discutidos foram apontados o intenso tráfego de automóveis, a qualidade o ar, a capivara e a poluição da lagoa. Os jovens propuseram a construção de uma grande estrutura de outdoor para servir de suporte de uma série de 6 cartazes idealizados durante as oficinas.

ARENA CARIOCA FERNANDO TORRES- MADUREIRA

Artista: Nathalie Nery

Obra: Sombra pra quem te quer

Tipo de intervenção: Mobiliário urbano escultórico

A ideia os jovens participantes do projeto foi construir uma área de convivência com o formato de uma planta “gigante” confeccionada com a técnica de bioconstrução chamada ferrocimento. A escolha do formato da instalação se deu para trazer sombra e conforto a esse espaço de oficinas que dependendo do horário do dia e do calor, não podia ser ocupado.

Além desta obra, foram realizadas oficinas de reciclagem de embalagens de resíduos gerados por alunos do AMA Rio, para a confecção de adereços para o desfile de um bloco de carnaval no dia da abertura.

ARENINHA GILBERTO GIL – REALENGO 

Artista: Daiana Cruz

Obra: Cantão

Tipo de intervenção: Painel artístico + banco concreto

Para o território de Realengo, foi pensado um mural artístico composto por cerâmica branca personalizado pelos participantes do projeto, com letras das músicas de Gilberto Gil sobre sustentabilidade, natureza e temas do bairro. A instalação conta ainda com bancos feitos de concreto, com acabamento de cimento queimado e duas alturas de assento.

A ideia foi criar um espaço de troca no muro externo da Areninha Gilberto Gil, virado para Praça da Capelinha, que naturalmente já é um espaço de convivência do bairro, onde acontecem diversos saraus. No local já existem duas quadras de futebol, aparelhos para exercícios físicos e um quiosque privado, porém sofre com a ausência de bancos, arborização e intervenções artísticas.

BIBLIOTECA MUNICIPAL EUCLIDES DA CUNHA – ILHA DO GOVERNADOR 

Artista: Marcela Arruda

Obra: O aterro vai virar mar

Tipo de intervenção: Instalação feita com canos de pvc, redes de pesca, e plantas trepadeiras e chuveirão para refrescar.

Antes mar, hoje aterro: calor, sol, chão, seco, árido. Até dá para lembrar do sertão. Sertão este de Canudos, palco histórico da Guerra relatada por Euclides da Cunha.

“O sertão vai virar mar” retoma a profecia da inundação dos interiores da Bahia, por conta do desastre causado pela hidrelétrica do rio São Francisco, e a reconstitui no Aterro de Cocotá. “O homem chega e desfaz a natureza”, é um trecho do livro do autor que discorre sobre as ações do hoje chamado Antropoceno. Em diálogo com a Biblioteca Municipal localizada no Aterro de Cocotá, a intervenção anuncia a volta do mar ao aterro, prevista pela aumento do nível do mar na Baía de Guanabara nos próximos 100 anos, resultado do colapso climático.

A proposta da intervenção foi criar um portal de acesso à Biblioteca Euclides da Cunha, com uma cobertura azul que, generosamente, ofereça sombra e água fresca a quem por ali passar. Um convite ao público à leitura de clássicos oferecidos pela biblioteca que também oferece acesso a painéis informativos com dados sobre a crise climática, e seu impacto na Baía e no Aterro.

ESPAÇO LONA CULTURAL MUNICIPAL TERRA – GUADALUPE 

Artista: Juca Fiis

Obra: A Fonte

Tipo de intervenção: Ponto de água público, com revestimento em azulejos no muro de acesso a Lona.

Os jovens participantes pensaram numa fonte de água para matar a sede de quem usa o espaço, mas também como fonte de referencia, reflexão e produção de conhecimento.

Um espaço onde, através da arte, possa se falar sobre os direitos dos moradores da região (acesso a água potável, saneamento, meio ambiente ecologicamente equilibrado, transporte de qualidade). Um lugar também de reflexão sobre as questões ambientais e de inspiração sobre como cobrar  e ter os direitos respeitados pelo poder público. O local é também uma fonte para compartilhar desejos e estimular sonhos.

A Fonte tem como objetivo também a valorização do conhecimento produzido pelos jovens moradores de Guadalupe, como a ideia de se criar um circuito ambiental.

‘É falar da gente pra gente. Quer saber mais do território? Vai na Fonte! a Fonte é o circuito, é  galeria, é a gente produzindo conhecimento do nosso território. a gente é a Fonte.’ Cayo Scot, jovem participante do projeto e ativista ambiental

MUHCAB – MUSEU DA HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA – GAMBOA 

Artista: Lucas Ururah

Obra: Ecos da Jurema

Tipo de intervenção: Escultura sonora feita a partir da reutilização de entulhos, tubos de ferro e concreto, construção de uma horta vertical e plantio de frutíferas no território da Gamboa.

Os jovens participantes do projeto escolheram criar uma escultura sonora de concreto e tubos de ferro, reutilizando resíduos e entulhos já existentes no local, integrada ao busto de uma entidade Afro-Brasileira (Jurema) originalmente criada pelo artista em 2019.

Ao redor da escultura interativa foram cultivados um canteiro de plantas de poder em vasos de tecido e cimento e uma horta vertical. As sementes do abacateiro do museu foram usadas em uma oficina colaborativa e plantadas em pontos emblemáticos para gerar frutos- mais abacates – do território da Gamboa.

MUSEU HISTÓRICO DA CIDADE – GÁVEA

Artista: Coletivo formado por Paul Heritage, Bianca Satres e Daiana Cruz 

Obra: Vila Parque 

Tipo de intervenção: Aplicação de azulejo no espelho de escada de acesso à comunidade Vila Parque e instalação artística dentro da área do museu, composta por ferro e cubos giratórios.

Durante as oficinas realizadas no Museu Histórico da Cidade, foi pontuado tanto pelos jovens participantes quanto pelos gestores, que moradores da Vila Parque, comunidade vizinha ao equipamento, não se sentem à vontade de visita-lo, mesmo sendo frequentadores assíduos do parque ecológico no qual ele está inserido. 

A decisão de fazer uma intervenção artística com azulejos no espelho de uma das escadas de acesso à Vila Parque, surgiu a partir da idéia demostrar que a memória dos moradores e visitantes também é digna de arte. Essas peças trazem informações sobre a memória da comunidade, a memória ambiental do Parque, e frases que convidam os moradores a estabelecer uma conexão com ambos os espaços – o museu e o parque da cidade -, além de informações sobre educação ambiental.

Para que os moradores se sintam representados no Museu, foi instalado um mobiliário de ferro e aço na entrada principal. Essa instalação é composta por cubos giratórios revestidos por 24 azulejos que resgatam a memória da Vila Parque e memória ambiental do Parque da Cidade.