ECHOES Festival de Cinema Indígena

O QUE SIGNIFICA FAZER CINEMA INDÍGENA? E QUAL FUTURO DOS CINEASTAS INDÍGENAS?
18 filmes de cineastas indígenas, com curadoria de Takumã Kuikuro, Graci Guarani e Ziel Karapotó

Intercâmbio Indígena e Ação Climática
Ilustração de Aislan Pankararu

Festival 19-21 Maio 2023, Londres

ECHOES Festival de Cinema Indígena 2023 focou na contemporaneidade da cultura indígena e sua representação estética alternativa por meio das artes audiovisuais.

Apresentado pela People’s Palace Projects e com curadoria dos cineastas brasileiros Takumã Kuikuro, Graciela Guarani e Ziel Karapotó, o programa refletiu sobre o futuro dos povos indígenas, suas experiências, desde as lutas contínuas pelos direitos à terra até o impacto da emergência climática na herança cultural indígena, e o que suas artes representam.

Apresentando 18 obras instigantes de 21 cineastas, sendo 72% mulheres, representando 13 grupos étnicos em 10 regiões do Brasil e países vizinhos Bolívia, Peru, Colômbia e Argentina, o festival foi uma celebração da rica diversidade e versatilidade da narrativa indígena .

O Festival de Cinema Indígena ECHOES aconteceu entre 19 e 21 de maio de 2023, no ICA – Instituto de Arte Comtemporânea de Londres

*O Festival fez parte do Film Hub London.

Artistas Indígenas em Londres, Maio 2023

DIA 1- O cinema e as linhas da arte: da existência ao protesto

Sexta-feira, 19 de maio de 2023, 18h30 + perguntas e respostas com cineastas indígenas

A PALAVRA SE TORNOU CARNE | Dir Ziel Karapotó | 2019 | 6min | Experimental

O poderoso protesto de Ziel Karapotó usa o seu próprio corpo para expor as cicatrizes duradouras da colonização europeia em Abya Yala, uma lembrança comovente de cinco séculos de opressão e trauma.

ESTA MOEDA NÃO É O QUE ME LEVA | Dir Bárbara Leite Matias | 2022 | 5min | Videoarte

A artista faz uma analogia entre as sementes e moedas que carrega no bolso e o seu mundo natal e o capitalismo.

PINJAWULI (O VENENO ME CHEGOU) | Dir Bih Kezo | 2021 | 2min | Documentário

O forte cheiro de agrotóxicos pulverizados nas plantações é detectado pelos moradores locais causando grande preocupação, uma referência ao uso generalizado de produtos químicos tóxicos no Brasil nos últimos anos.

ITSUNI ÜGÜNO (FEBRE DA MATA) | Dir Takumã Kuikuro | 2022 | 10min | Ficção

Uma pequena história sobre um xamã que recebe uma mensagem urgente de uma onça – a floresta está envolta em fogo.

SIIA ARA (521 ANOS) | Dir Adanilo Reis | 2021 | 5min | Videoarte

Um alerta para sair do estado de coma colonial em que os povos indígenas e o seu território foram deixados quando os europeus invadiram há cinco séculos.

LITIPOKORODA | Dir Lilly Baniwa | 2021 | 28min | Experimental

Os membros da comunidade Baniwa recuperam os seus valores, cultura e terras ancestrais que foram degradadas pelos colonizadores.

JAYANKIRI | Dir Natali Mamani | 2021 | 9min | Ensaio em vídeo

Devastados pelas incertezas e tendo as memórias de suas vidas interrompidas pela colonização e pela migração, os povos andinos refletem sobre a nostalgia do território perdido.

KARAIW A’E WÀ (O CIVILIZADO) | Dir Zahy Tentehar | 2022 | 14min | Videoarte

Os “civilizados” são realmente educados, cultos, esclarecidos? Então, como é que os “civilizados” acabaram neste atual cenário tóxico? Estas são algumas das questões provocativas da instalação ‘Karaiw a’e wà’.

XEÑE´E (MEU SER) | Dir Graci Guarani | 2022 | 7min | Experimental

Esta curta-metragem experimental explora o pensamento coletivo e as experiências subjetivas, inspiradas na visão de mundo ÑE´E da ‘alma do mundo’, revelando a singularidade da existência de cada indivíduo.

DIA 2 - O corpo feminino como arma e gatilho: uma nova leitura da nudez

Sábado, 20 de maio de 2023, 16h30 + perguntas e respostas com cineastas indígenas

PE ATAJU JUMALI (AR QUENTE) | Dir Coletivo Unido | 2023 | 25min | Experimental

Um manifesto visualmente impressionante transmite uma mensagem urgente ao Norte Global sobre o impacto devastador das emissões nas florestas do Sul Global, protegidas pelos povos indígenas.

IBIRAPEMA | Dir Olinda Yawar | 2022 | 50min | Experimental

Uma mulher Tupinambá embarca em uma viagem entre o mundo mítico e o cotidiano, explorando museus e interagindo com o mundo da arte ocidental, da cidade e das florestas controladas.

AIKU’È ZEPÉ (EU AINDA EXISTO) | Dir Zahy Tentehar e Mariana Villas-Bôas | 2020 | 13min | Experimental

Emergindo da terra, representando o nascimento de um ser em simbiose com a natureza, esta narrativa expressa as preocupações de uma mulher indígena que luta para sobreviver no caos deixado pela “civilização”.

DIA 3 - Entrando em campos estranhos: o caminho das intervenções e experiências para provocar diálogos

Domingo, 21 de maio de 2023, 16h30 + perguntas e respostas com cineastas indígenas

TEKO HAXY (SER IMPERFEITO) | Dir Patrícia Ferreira Pará Yxapy & Sophia Pinheiro | 2018 | 40min | Documentário Experimental

O documentário estabelece a ligação entre uma cineasta indígena e uma artista visual e antropóloga não indígena, ambas enfrentando o desafio de superar seus conflitos internos.

MÃE CAJARANA | Dir Bárbara Leite Matias | 2021 | 6min | Videoarte

Uma homenagem poética aos valores perdidos da maternidade e da feminilidade entre as mulheres do Nordeste do Brasil, enfatizando os efeitos da violência doméstica, do abuso e da cultura sexista tóxica.

COLHEITA MALDITA | Dir Denilson Baniwa | 2021 | 12min | Videoarte

Um xamã Terena recebe em seus sonhos premonições do ser cósmico Kipaé, alertando-o sobre a má relação da humanidade com a natureza e o iminente fim do mundo.

FLORESTA | Dir Lian Gaia e Patrick Raynaud | 2020 | 6min | Documentário

No meio da avenida mais movimentada de São Paulo, Brasil, uma intervenção artística exibe as obras de Gaia, que defende a causa indígena e denuncia os criminosos incêndios florestais na Amazônia e no Pantanal através de sua arte.

PAOLA | Dir Ziel Karapotó | 2022 | 16min | Documentário

Paola e Ziel cresceram na Terra Indígena Karapotó, mas acabaram seguindo caminhos diferentes. O encontro deles na cidade de Recife, Brasil, é um ritual de cura e carinho, reavivando laços de amizade.

OS ESPÍRITOS SÓ ENTENDEM A NOSSA LINGUA | Dir Cileuza Jemjusi, Robert Tamuxi e Valdeilson Jolasi | 2020 | 6min | Documentário Exp.

Quatro idosos Manoki na Amazônia brasileira são os únicos falantes remanescentes de sua língua nativa, o que representa um risco para sua conexão com os espíritos. A geração mais jovem toma medidas para preservar a sua língua materna.

Assista à sessão de perguntas e respostas com curadores indígenas no ICA

O ECO-nversation – podcast do PPP sobre clima e cultura – apresentado por Yula Rocha, convidou Graciela Guarani, Takuma Kuikuro e Ziel Karapotó para falar sobre o futuro do Cinema Indígena.

Você pode ouvir esta conversa fascinante em inglês e português.

 

ECHOES Indigenous Festival em Paris 22-23 Maio 2023

Em parceria com a Amazonie Immersive, o Festival viajou para Paris para uma programação condensada de dois dias no cinema Publicis na Champs-Elysées. O primeiro longa-metragem de Graciela Guarani, Horizonte Colorido, teve estreia mundial no Festival ECHOES, em Paris.

Graciela Guarani, Takumã Kuikuro e Ziel Karapotó conversaram com o público francês em sessões de perguntas e respostas após as exibições.

 

Artista em Residência- Aislan Pankararu, Londres, Maio 2023

Por Paula Siqueira

Aislan Pankararu criou a identidade visual do Festival de Cinema Indígena ECHOES, como parte de sua colaboração contínua com o PPP.

Durante sua residência de um mês em Londres, em maio de 2023, no estúdio de Marcus Jake na Península de Greenwich, Aislan produziu 13 pinturas para sua primeira exposição individual internacional FEEL IT na Embaixada do Brasil em Londres (19 de maio a 1º de junho de 2023).

Para mais informações sobre Aislan Pankararu, visite o site do artista

FEEL IT


Eu quero que você sinta. Não faça perguntas.
Quero que você deixe para trás o que acha que sabe sobre arte, processos e práticas.
Quero que você sinta a profundidade ou a leveza disso, de uma forma simples.

Esta exposição é onde nos encontramos, não nossas explicações.

Sou artista visual, sou indígena, sou médico. Eu sou Nordeste, sou caatinga, sou um bioma exclusivamente brasileiro. Eu sou contemporâneo. Eu sou um segredo da cosmologia do meu povo. Estou permeado por tudo isso e é assim que me sinto e falo sobre quase tudo no mundo.

As pinturas desta exposição foram todas feitas em Londres.

São frutos do clima, das descobertas e das incongruências que senti aqui. São a marca que quero deixar como primeiro artista indígena a ocupar este espaço.

E eu convido você a sentir isso.

Aislan Pankararu, Londres, Maio 2023.

Abertura da exposição Feel It- Time da PPP e da Embaixada brasileira em Londres com os artistas Indígenas. Por Paula Siqueira.